quinta-feira, 8 de julho de 2010

Uma Cultura de Paz

A esperantista MIREILLE GROSJEAN escreveu um texto maravilhoso denominado CURRÍCULO DE PROGRAMA ESCOLAR PARA UMA EDUCAÇÃO DE CULTURA DE PAZ.

Este conceito enquadra‐se no decênio por uma cultura de paz e não‐violência e liga‐se ao manifesto 2000 da ONU e da UNESCO para uma cultura de paz e não‐violência.
Leia o texto na íntegra em formato pdf no seguinte link:
Educação para uma cultura de paz

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mensagem de Pedro Cavalheiro ao Congresso




Ilm. Sr. (nome completo do Deputado),
DD. Deputado Federal da República pelo Estado d(nome do Estado), do (sigla do partido)

Assunto:
PL 6162/2009,
Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação),
para dispor sobre inclusão facultativa do ensino do Esperanto no ensino médio
de autoria do Sen. Cristovam Buarque.

Excelentíssimo Deputado (nome eletivo do Deputado),


Peço especial atenção de V.Exa. para o conteúdo desta missiva que tem por objetivo oferecer subsídios para uma melhor avaliação de mérito sobre a matéria em epígrafe. Sua compreensão sobre o tema é muito importante não só por seu voto pessoal para o PL 6162/09, como também por seu importante papel como líder. Sabemos que um bom entendimento sobre a questão por parte de V.Exa., influenciará a decisão de seus colegas de bancada.
Ao examinar o proposto na PL 6162/2009, naturalmente V.Exa. se perguntará "Por que isso interessa ao Brasil?". Considerando que esse projeto de Lei propõe emenda à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a pergunta subseqüente que o nobre Deputado provavelmente fará é "Por que é bom para a educação no Brasil que essa emenda seja aprovada?". Este texto oferece algumas respostas. Com conteúdo livre de paixões, apresenta argumentação pautada em dados científicos. Mesmo assim, solicita de V.Exa. um exame desprovido de preconceitos. Isso porque o nível de desinformação sobre o Esperanto em nosso país é muito grande e apresenta ruídos que distorcem a realidade.

Reporto-me ao escritor e filósofo Irlandês, Nobel de Literatura em 1925, George Bernard Shaw: "Alguns homens vêem as coisas como são e dizem ' Por quê? ' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo ' Por que não? '". Para o Projeto de Lei em análise, procuramos responder a essa pergunta de Shaw, embora tenha a certeza de encontrar em V.Exa. uma mente aberta para novas possibilidades, já que parte do desafio diário do legislador é pensar no futuro buscando soluções novas no presente.

Vamos às respostas...
Por que é bom para a educação no Brasil que essa emenda à LDB seja aprovada?
 
Está cientificamente comprovado que aprender Esperanto facilita o aprendizado de línguas devido à sua estrutura gramatical simples e lógica e ao vocabulário de origem internacional. Pelo mesmo motivo o estudante que aprende Esperanto passa a entender melhor a própria língua portuguesa. Como é do conhecimento de V.Exa. o Brasil se debate com o problema do baixo nível de ensino, provocado por situações históricas de nosso país, e que pede medidas objetivas urgentes. A introdução do ensino do Esperanto no ensino médio trará uma relevante contribuição para a elevação do nível do ensino não só de línguas estrangeiras, como o Inglês, mas também do Português e ainda de disciplinas como Matemática, Geografia e outras.

Neste ponto o nobre Senador poderá se perguntar se o Esperanto é algum tipo de panacéia educacional semelhante àqueles medicamentos milagrosos que prometem curar tudo, mas que não curam nada. Seria uma pergunta lógica. Mas, não. Existem causas cientificamente identificadas e com consequências acompanhadas e relatadas com metodologia científica que demonstram o grande valor propedêutico do Esperanto. Experiências nesse campo foram feitas pelo mundo e publicadas em anais científicos. À guisa de exemplo, permita-me relacionar algumas em linha de tempo.
Desde os anos 1920 aconteceram experimentos educacionais, que demonstram inicialmente a facilidade de aprendizado do Esperanto em relação às outras línguas e, à partir de 1970, a utilidade do Esperanto como facilitador do aprendizado de línguas não-maternas e de matérias que dependem de raciocínio lógico e interesse em humanidades. Em uma palavra, demonstraram cientificamente o valor propedêutico do Esperanto. Vejamos alguns:
1925 - 1931, Columbia University, New York, EUA, sob direção do Prof. E. Thorndike: 20 horas de ensino de Esperanto deram melhor resultado que 100 horas de Francês, Alemão, Italiano ou Espanhol.
1947 - 1951, Sheffield, Inglaterra (desde 1948 também em Manchester): crianças aprenderam o mesmo tanto de Esperanto em 6 meses que levaram 4 a 5 anos para aprender da língua francesa; depois de alguns meses aprendendo Esperanto adquiri-se melhores resultados no aprendizado de outras línguas.
1958 - 1963, Escola de ensino médio em curso de verão, na Finlândia: sob controle do Ministério da Educação daquele país, demonstrou-se que depois de um Curso de Esperanto os alunos atingiram um nível mais alto no aprendizado de Alemão do que os alunos que aprenderam somente a língua alemã, até mesmo por mais tempo.
1970 – Experimento realizado pelo Prof. Istvan Szerdahelyi em Budapest, Hungría: uma classe de crianças aprendeu primeiramente o Esperanto e depois, separados em grupos, aprenderam Russo, Inglês, Alemão ou Francês. Constatou-se que as crianças obtiveram 25% a mais de êxito no aprendizado da língua russa do que as que não aprenderam Esperanto antes. Ainda com relação às crianças que não aprenderam antes o Esperanto, o aproveitamento no Alemão foi 30% maior, no Inglês foi 40% maior e no Francês o ganho foi de 50%.
1975 e 1976 - Experimentos mais amplos e com resultados também documentados oficialmente aconteceram na Universidade de Paderborn, Alemanha, com crianças do ensino elementar. Esses experimentos contaram com aferições precisas de resultados, com aplicação de fórmulas da pedagogia cibernética, sob a orientação do Prof. Helmar Frank.         
Os experimentos de Paderborn envolveram 300 crianças que aprenderam Esperanto por um ou dois anos e depois aprenderam o Inglês. Resultado: as crianças que aprenderam Esperanto por dois anos (cerca de 100 horas/aula) apresentaram um aproveitamento no aprendizado do Inglês 30% maior do que as que não aprenderam Esperanto. As que aprenderam Esperanto por um ano apresentaram aproveitamento 20% superior no aprendizado do Inglês em relação as que não aprenderam Esperanto antes.
1975 a 1977 – Experimento realizado com 300 crianças, pela Liga Internacional de Professores de Esperanto – ILEI, dirigido pelo Prof. Helmut Sonnabend, na Bélgica, França, Alemanha, Grécia e Holanda. Esse experimento contou com vários professores colaboradores e demonstrou que as crianças que aprenderam Esperanto obtiveram melhor aproveitamento no aprendizado de Inglês do que as que não aprenderam Esperanto. Com uma economia de tempo para o aprendizado de Inglês altamente significante: 129 horas em um curso de 960 horas. Foi analisado também, nesse mesmo experimento, o desempenho das crianças alemãs nas disciplinas Matemática e Geografia e ficou cientificamente demonstrado que as que aprenderam Esperanto apresentaram melhor aprendizado nessas duas disciplinas.
1980 – É digno de nota o estudo do Prof. Yukio Fukuda, do Japão, intitulado "Para racionalização do aprendizado de língua estrangeira, à luz da língua materna (por exemplo, alemão ou japonês), a partir de estudos básicos da cibernética e Humanidades" 21, 1980 (página 1-16) - "Zur rationalisierten Fremdsprach-Lehrplanung unter Berücksichtigung der (z.B. deutschen oder japanischen) Muttersprache", Grundlagenstudien aus der Kybernetik und Geisteswissenschaft" – no qual demonstra que o aprendizado prévio do Esperanto é muito útil como facilitador do aprendizado do Inglês para crianças, quando a língua materna não é o Inglês.
1983 a 1985, Scuola Elementare "Rocca", San Salvatore de Cogorno, Itália: sob direção da Profa. Elizabeta Formaggio foi realizado um experimento com um grupo de pesquisa – 25 alunos do 3º e do 4º ano do ensino básico aos quais se ministrou curso de Esperanto – e com um grupo de controle – alunos das mesmas séries que não aprenderam Esperanto. Em 1985 foram aplicados exames abrangentes a esses dois grupos. Em 1988 foram aplicados exames de Francês a esses dois grupos e os resultados confirmaram as pesquisas anteriores, ou seja, os que aprenderam antes o Esperanto aprenderam mais rapidamente o Francês do que os que não aprenderam Esperanto.
Em 1995 o Prof. Zlatko Tišljar, nascido no Zagreb, residente hoje na Eslovênia, titulou-se mestre pela Academia Internacional de Ciências de San Marino – AIS com um experimento realizado entre 1993 e 1995 na Eslovênia, Áustria e Croácia. Nesse experimento se ensinou Esperanto em 5 escolas elementares para 40 estudantes por 70 horas. Depois em 4 daquelas escolas as crianças aprenderam o Inglês e em 1 escola aprenderam o Alemão, ambas como língua estrangeira. O Prof. Tišljar testou por três vezes essas crianças e 40 outras que não aprenderam Esperanto.
Conclusão final do experimento: as crianças que receberam 70 horas de ensino de Esperanto aprenderam o Inglês e também o Alemão, com aproximadamente 25 a 30% mais rapidez. Isso significa que depois de dois anos de aprendizado de língua estrangeira, crianças que aprenderam antes o Esperanto sabiam a língua estrangeira ensinada 50 a 60% melhor que as crianças que não aprenderam o Esperanto. Considerando que, nos países onde se deu esse experimento, línguas estrangeiras são ensinadas 3 horas por semana, ou seja, 120 por ano ou 240 horas por dois anos, a economia de tempo no aprendizado de língua estrangeira foi maior que 120 horas. Assim, as 70 horas investidas no ensino do Esperanto já passaram a compensar antes de 2 anos de ensino de língua estrangeira.
De 1994 a 1995, setembro a julho, a Profa, Ines Frank na Alemanha, realizou um experimento semelhante em uma escola elementar de Oberndorf, comunidade pertencente ao Distrito de Rottweil, junto ao rio Neckar, no estado alemão de Baden-Virtembergo (Oberndorf am Neckar). Inicialmente participaram 38 crianças e ao final 20 do quarto ano. Os resultados não foram publicados, mas foram semelhantes aos anteriores.
De 1993 a 1997, na Scuola Gaetano Salvemini, Torino, Itália, experimentou-se o Esperanto como língua propedêutica para o ensino de línguas estrangeiras na escola fundamental. Participaram 3 classes. No 2º e 3º anos os alunos aprenderam Esperanto básico e utilizaram-no para se comunicarem com outras escolas de outros países. No 4º  e 5º anos uma classe passou a estudar o Inglês e outra o Francês. Desde o ano letivo de 1994/1995 esse experimento foi oficializado pelo Ministério de Instrução Pública da Itália. A avaliação confirma a eficácia do ensino do Esperanto para as crianças italianas para um melhor e mais rápido aprendizado posterior de Francês e Inglês.
Sem maiores detalhamentos, à guisa de informação, mencionamos também outros eventos do gênero dos relatados acima, alguns dos quais fui protagonista:
1920, Green Lane School, Eccles, Inglaterra;
1922 Enquete oficial da la Liga das Nações, Genev, Suissa;
1922 a 1924, Bishop's Elementary School, Auckland, Nov-Zelando;
1924, Wellesley College, Ohio, Estados Unidos da América - EUA;
1934 a 1935 Escola Pública de Ensino Médio, New York, EUA;
1948 a 1961 Egerton Park School, Manchester, Inglaterra;
1962 a 1963, Universidade Loránd, Budapest, Hungria (Prof. I. Szerdahelyi);
1971 a 1974, 22 classes na Itália, Iugoslávia, Hungria e Bulgária;
1972 a 1973, Scuola Elementare Dante, Forlì, Italia (Ministerio da Educação);
1977 a 1983, Universidade de Paderborn, Alemanha (Prof. H. Frank);
1983 a 1985, Escola Sítio do Pica-pau Amarelo, ensino Infantil, Santos, Brasil (Prof. Pedro J. Cavalheiro);
1984, Escola Ordem e Progresso, ensino médio, Santos, Brasil (Prof. Pedro J. Cavalheiro);
1984 a 1986, Escola Irmã Catarina, ensino Infantil, fundamental e médio, São Paulo, Brasil (Prof. Pedro J. Cavalheiro);
1993, Relatório Oficial sobre o valor propedêutico do Esperanto: Ministério da Educação, Italia;
1994 a 1997, Universidade Monash, Victoria, Austrália (Prof. A. Bishop);
2005 a 2006, Escola Nossa Senhora das Graças, ensino fundamental e médio, São Paulo, Brasil (Prof. Pedro J. Cavalheiro).

Alguém poderia argumentar que:

1. Toda língua tem valor propedêutico e exerce influência positiva, seja qual for a língua estudada. Esse fenômeno é bem conhecido,

mas...
Esse valor depende da relação entre a língua que se aprende com a língua materna de quem aprende. Exs.:
O Italiano ou o Português preparam melhor o aprendizado do Espanhol e do Romeno.
O Chinês prepara melhor o aprendizado do Vietnamita (Mon-khmer) ou Tibetano (língua Sino-tibetana).
O Húngaro prepara melhor o aprendizado do Finlandês, do Turco e do Japonês.
►  O Esperanto possui eficácia propedêutica maior do que qualquer outra língua para o aprendizado de línguas de modo geral: ocidentais ou orientais, vivas ou mortas.


2. Todas as línguas contribuem para o desenvolvimento de certo número de capacidades e qualidades fundamentais, como observação, análise, síntese, raciocínio, lógica, criatividade etc.     
No entanto...
►     Além de todas as capacidades desenvolvidas pelo aprendizado de uma língua, o valor propedêutico do Esperanto para o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático e para o aprendizado de línguas está comprovado cientificamente. Além disso, possui grande valor educacional e ético por dar ao aluno uma visão humanista das relações internacionais e interétnicas.
Cumpre acrescentar que é público e notório que a criança brasileira vai à escola, recebe aulas de Inglês e de Espanhol, mas não aprende essas línguas. Termina o ensino médio sem a menor proficiência nelas. Uma ferramenta pedagógica que comprovadamente faz melhorar muito a capacidade de aprendizagem de línguas estrangeiras é realmente um achado pedagógico que não se pode desprezar.

Por que isso interessa ao Brasil, do ponto de vista social?
Além do exposto acima, ou seja, ganho em aprendizagem, considerando aqui o Esperanto como ferramenta propedêutica, como facilitador do aprendizado de línguas estrangeiras, da língua pátria, de disciplinas humanas, como geografia, ecologia, por exemplo, e do desenvolvimento do raciocínio lógico...
1. O ensino do Esperanto traz consequências humanizantes que constroem uma cultura para a paz. Por não ser língua de um país específico e sim uma ferramenta democrática de comunicação, faz com que o aluno olhe para o mundo através de textos que tratam da vida e costumes dos mais variados recantos do planeta.
2. O ensino do Esperanto oferece uma visão planetária e humanista e não coloca o aluno brasileiro em condição inferior a ninguém, quer do ponto de vista psicológico, quer do ponto de vista neurolingüístico. Pelo contrário, aprender uma língua fácil onde o aluno experimenta resultados com brevidade e que o coloca em contato, de igual para igual, com gentes de todo o globo, só faz elevar sua auto-estima.
3. Outros países do mundo já ensinam o Esperanto não só em Universidades, como já acontece no Brasil, mas também às crianças. Entre tantos, citamos o exemplo da Bélgica que no ano de 2004, através de seu Ministério para Escolas Fundamentais da comunidade de língua francesa, na pessoa do então ministro Jean-Marc Nollet, organizou um dossiê completo para divulgar línguas entre as crianças das escolas de língua francesa daquele país. O projeto foi chamado "Eveil aux langues" (Atenção para as Línguas). No âmbito dessa iniciativa, foi distribuído gratuitamente um CD com 16 músicas infantis em diversas línguas, com o objetivo de despertar o interesse dos alunos para elas. Entre elas figurava uma música em Esperanto. No encarte do CD apareciam diversas informações sobre o Esperanto que, segundo matéria publicada no suplemento infantil do Jornal "Le Soir" (Le Soir Junior nº 132), agradou às crianças sendo citada como a língua preferida dentre as apresentadas naquele CD.
Se a criança e o jovem brasileiro aprenderem Esperanto, entrarão rapidamente em contato com crianças e jovens de todo o mundo, ainda no período escolar. Não basta colocar Internet nas escolas públicas: é necessário dar instrumento linguístico que amplie os horizontes dos alunos.

Por que isso pode ser interessante para o Brasil, do ponto de vista comercial?
O Brasil é um país historicamente criativo. Para dar um exemplo, basta citar nosso programa de biocombustíveis. O Brasil tem interesses comerciais com a China, que é uma potência emergente. Muito bem, a China implantou em suas escolas o Esperanto como matéria opcional por duas razões: primeiro, porque encontrou no Esperanto a melhor ponte lingüística para entender como se estruturam as línguas ocidentais. Segundo, porque sabe que por mais que se fortaleça como potência econômica, não vai conseguir fazer com que o mundo aprenda Mandarim. Nem na própria China ela conseguiu tal façanha. Daí o Esperanto surgiu como opção que não agride a soberania nacional, porque é língua de toda a humanidade, e como a alternativa mais fácil em matéria de línguas ocidentais. Até porque, se o Esperanto é ocidental em sua grafia e vocabulário, sua gramática tem muito do raciocínio lógico das línguas orientais.
Estou afirmando que se o Brasil quiser fazer negócios com a China em Esperanto, será muito bem visto e recebido. E isso pode perfeitamente acontecer em futuro próximo já que a China implantou o Esperanto em suas escolas, como língua opcional, depois de formar professores da língua em 190 universidades chinesas. Mesmo considerando que números na China são sempre grandes, é impossível não se notar que a iniciativa foi tomada à sério naquele país. O Inglês também é ensinado na China. E funciona muito bem como língua escrita nas relações comerciais. O problema é pronunciá-lo. O Inglês é quase incompreensível quando falamos com um chinês, japonês, grego etc. Mas o Esperanto não. Por ser uma língua fonética é, por assim dizer, à prova de sotaques. Bernard Shaw, por exemplo, não gostava da ortografia complicada da língua inglesa por isso ao morrer deixou parte de sua herança para a fundação "Shavian Alphabet", destinada a reformar a grafia do Inglês. Ofereceu um prêmio para quem conseguisse desenvolver uma ortografia lógica para a língua inglesa, mas até hoje ninguém conseguiu ganhá-lo. E Shaw era nativo daquela língua.
Além disso o Esperanto como língua neutra internacional, não fere brios nacionalistas porque coloca os interlocutores dos diferentes países, quer no campo comercial, quer no campo diplomático, em condição de igualdade linguística. Essa igualdade estabelece respeito à soberania das nações envolvidas em uma negociação, o que é muito positivo.

Falando em Bernard Shaw... Por que não?
O projeto de Lei nº 27/2008 postula a inclusão facultativa do ensino do Esperanto e apenas no ensino médio. Se aprovada, essa emenda necessitará de ações governamentais, quer no âmbito federal, estadual ou municipal, para que tenha eficácia. O mesmo se dá na rede particular de ensino. Permitir a inclusão facultativa do ensino do Esperanto não gera ônus para o Estado. Aprovar esse Projeto de Lei significa abrir uma porta para uma nova possibilidade, mas é a sociedade que terá que passar pela porta. Ademais, é modesta a proposta de inclusão facultativa do Esperanto apenas no ensino médio. Como V.Exa. pode constatar neste texto, os benefícios pedagógicos advindos pelo ensino do Esperanto são de tal ordem que seu ensino deveria estar disponível também às crianças do ensino fundamental. Contudo, toda caminhada começa no primeiro passo e a aprovação do Projeto de Lei que agora depende do seu voto, é o primeiro passo de uma caminha em direção ao futuro.
Esperamos que este texto possa ter fornecido subsídios suficientes para uma análise da matéria quanto a seu mérito. Existe muito material a ser disponibilizado, como os textos de duas Resoluções da UNESCO em favor do Esperanto, das quais o Brasil foi signatário, o texto do Diretor Geral da UNESCO, Sr. Koichiro Matsuura, por ocasião do "Ano Internacional das Línguas", em 2008, onde defende o multilingüismo já que a preservação das línguas e da diversidade cultural é preocupação da comunidade internacional, assim como a preservação da biodiversidade. Há muita matéria disponível como a Resolução em favor do Esperanto assinada por todas as ONGs participantes da conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio Ambiente - Rio 92, na cidade do Rio de Janeiro, conhecida como ECO 92. E há muito mais.
No momento, tomo a liberdade de anexar um texto que poderá ser de grande utilidade para sua empreitada: CURRÍCULO DE PROGRAMA ESCOLAR PARA UMA EDUCAÇÃO DE CULTURA DE PAZ - conceito que se enquadra no decênio por uma cultura de paz e não‐violência e em atendimento ao manifesto 2000 da ONU e da UNESCO sobre o tema. Nesse texto, de autoria de Mireille Grosjean que é, entre outras coisas Co-presidente da "Association suisse des Educateurs à la Paix", V.Exa. poderá auferir o valor do Esperanto para uma educação para a paz.
Finalizando, agradeço a atenção e peço a V.Exa. que dê sua contribuição para que esse grande benefício cultural, social e educacional, proposto no Projeto de Lei nº 27, de 2008, seja oferecido a nossos jovens. Afinal, como observou Albert Einstein,
 "A mente que se abre a uma nova idéia, jamais voltará ao seu tamanho original."

Atenciosamente,

Esperanto é coisa séria !

Prezados senhores deputados, prezados representantes do legislativo brasileiro

Saluton!

Motivado pelos meus amigos esperantistas, resolvi dar meu testemunho de usuário do Esperanto há quase 5 décadas. Talvez minhas argumentações os ajudem a dar um voto de confiança ao Esperanto para aprovar o ensino dessa língua aos nossos alunos de ensino médio.

Esperanto não é língua universal.  Talvez, estranhem essa frase, mas o Esperanto foi criado para ser língua internacional. Língua neutra entre os povos. Língua de todos, antes mesmo que tenhamos consciência dele. É como nosso ar que respiramos, pertence a todos e, às vezes, nem notamos que ele existe. Esperanto não pertence a nenhuma nação, pois pertence a todas as nações. Esperanto não é como inglês. Esse sim é uma língua nacional e imposta como universal. O inglês não pertence aos brasileiros, mas lhes é imposto como uma língua universal e sem alternativas culturais. O inglês é uma língua para ganhar dinheiro e não cultura. Além disso, somos sempre estrangeiros ao falar inglês. No entanto, consagradamente, o inglês é importante para o mundo de hoje, mas temos que dar chance ao mundo e aos nossos alunos  secundaristas em poder conhecer uma alternativa de língua democrática. Com o Esperanto é diferente, ele é nosso por princípio, é uma língua de direitos humanos consagrados. Sendo ele é para todos, não faz discriminação de ninguém. A sintonia do Esperanto é a paz e a compreensão. Ele nos traz os princípios de um mundo melhor.

Esperanto é uma língua política. Sim, o Esperanto é uma língua planejada para ser uma língua política de democracia lingüística. É um filho da revolução francesa em que a tônica principal é a liberdade de expressão, a igualdade entre as mentes e a fraternidade entre os homens das diversas nações. O Esperanto é um libelo da paz, um cadinho cultural, onde se pratica a internacionalização das idéias; forma sempre um amálgama de contatos multinacionais, onde todos são importantes e no qual todos têm a sua vez de falar. É democracia internacional pura. Todos são iguais na internacionalização dos contatos humanos, por isso oferecemos a paz como um veículo para a humanidade chegar a seu futuro. É uma língua supranacional e de conservação cultural dos povos e suas línguas. A UNESCO já reconheceu isso e o Vaticano também. Mas as nações precisam conhecer o Esperanto mais profundamente e o Brasil tem essa chance política, como nação emergente, de mostrar o seu empenho de internacionalização da igualdade cultural. Estamos em um mesmo planeta e em termos de democracia lingüística, só a conseguiremos com o Esperanto.

Esperanto também é brasileiro. Talvez não saibam, mas somos um dos países do mundo com mais esperantistas. Somos muitos e temos história centenária no uso do Esperanto. Grandes autores e artistas acariciaram essa língua dúctil. Fosse um Olavo Bilac, fosse um Cruz e Souza ou o nosso querido Guimarães Rosa. Todos lutaram por nossa língua, hoje praticada com muito orgulho por todos esperantistas no Brasil. Sabiam que não sentimos mal se cantarmos nosso hino nacional em Esperanto (link)? E se fosse em inglês, ao invés do português? Talvez essa pequena mostra  demonstre como o Esperanto também é nosso, assim como de todo mundo. Esperanto é neutro. Não ofende nações, ao contrário, as integra através da compreensão. Ser esperantista é ser um pouco mais brasileiro.

Um abraço afetuoso de um esperantista que pôde falar em Esperanto em mais de 20 países do mundo e em cada país encontrou muitos seres humanos com quem pôde se comunicar de igual para igual, sem mostrar poder ou falta dele e sem se sentir estrangeiro. É uma experiência única ter o Esperanto em nossa bagagem cultural, vamos abrir nossos corações aos nossos alunos, levando-lhes a esperança de nosso Esperanto.

Contamos com o seu apoio sincero.

Abraços de um samideano,

Adonis Saliba

sábado, 3 de abril de 2010

A BOA LÍNGUA

A BOA LÍNGUA

Claude Piron

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A respeito da boa língua eu conversarei com você, se você permitir. "Boa em que sentido?", você perguntará, consciente dos muitos significados desta palavra. "De todas as maneiras", responderei. Justamente isso me agrada nesta língua, que em tantos aspectos ela me parece boa. Boa no sentido gostosa, por exemplo. Eu colho dela um prazer, comparável ao prazer que dá um bom prato ou um vinho aromático. Boa como uma boa música: agradável aos ouvidos, melodiosa, que traz alegria pela simples harmonia de seus sons.

Boa, como uma boa brincadeira: certeira eu a acho, capaz de tocar com beleza e objetividade. Boa, como um bom acontecimento.

Você anelou ter um livro esgotado, e eis que por acaso num sebo você o encontra. Imperfeito: um tanto manchado, com uma ou duas páginas um pouquinho rasgadas. Mas ele custa pouco, e você o adquire como um tesouro. Igualmente, a língua Esperanto podemos sentir como um tesouro: imperfeita, certamente, mas isso é bom; se perfeita, ela pareceria menos humana. O importante é que ela satisfaz, porque responde a um anelo. Muitos a sentem como uma boa descoberta.

Moralmente boa, também, porque ela tem consideração pelos pequeninos, por aqueles que não pertencem a culturas de prestígio ou a classe social privilegiada. É digno de atenção, como pessoas de altas posições reciprocamente se desentendem, usando mal línguas que elas mal dominam, ou como elas mal se comunicam através de tradutores, apesar dos longos estudos, do poder, da disponibilidade de dinheiro. Enquanto entre nós esperantistas, homens dos mais comuns, sem dinheiro, sem diplomas, compreendem-se como na própria língua. Sim, moralmente boa, porque ela se mostra mais justa do que qualquer outro método de comunicação entre culturas.

Psicologicamente
boa. Ela é como um modelo de saúde psíquica. A maioria das línguas não são nem tão consequentes nem tão libertárias. Mas nossa boa língua traz em si coerência até o mais alto grau, e nos dá maior liberdade de escolha, na maneira de nos expressar, do que qualquer outro instrumento de comunicação. Muito rigorosa ela é, e exige disciplina (apenas consideremos para compreender isso o -n do acusativo), mas dentro deste rigor, quanta liberdade ela nos propicia! Em que língua é possível a gosto escolher entre "mi vin dankas", "mi dankas vin" e "mi dankas al vi"?(1) Entre "li ludas gitaron kun fervoro" ou "li fervore gitaras"?(2) Precisamente o rigoroso sentido das terminações liberta o coração e a mente, estimula fecundamente a criatividade. Por isso a espontaneidade encontra nela possibilidade de pleno desenvolvimento, sem semelhança em outra língua.

Quem sabe com tanta beleza associar rigor com liberdade, pensamento com sentimento, é invejavelmente são do ponto de vista psicológico.

Boa, no sentido de benfazeja. Que socorre, como um bom amigo. Quantos problemas ela auxilia a resolver para quem viaja! Quanta alegria ela traz, fazendo vibrar corações num só ritmo, criando essas ocasiões em que nós interculturalmente nos reencontramos, apenas para "amikumi" segundo a bela, profundamente humana expressão de Roger Bernard! Como nos sentimos bem, tagarelando através dela! Intensa gratidão eu sinto, quando penso neste aspecto de suas qualidades: ela estimula bons sentimentos, o que faz a vida mais rica. Ela irradia coisas boas. (...)

A respeito dessa boa língua – em diversos sentidos da palavra – eu gostaria de compartilhar com vocês os frutos de minhas meditações.
____________
1. Maneiras diferentes de agradecer a alguém em Esperanto.
2. Ele toca violão com fervor.
Fragmento da parte introdutória de "La Bona Lingvo", de Claude Piron; Editora "Pro
Esperanto" de Viena em parceria com "Hungara Esperanto Asocio" de Budapest.
Tradução: Neusa Priscotin Mendes
APERP - Associação Pró-Esperanto de Ribeirão Preto

domingo, 28 de março de 2010

Educação

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A educação é uma necessidade para a humanidade.

Esperanto, uma jóia educativa desconhecida!


Um excelente texto que mostra os benefícios de se adotar o esperanto nas escolas. Para os que pensam que esta atitude faria perder tempo aos alunos de nosso sistema educacional, fica aqui a sugestão da leitura deste renomado esperantista e estudioso do problema da comunicação internacional, o suíço Claude Piron.

http://esperanto.org.br/dok/artigos/esperanto_uma_joia_educativa_desconhecida.pdf

segunda-feira, 22 de março de 2010

Argumentos Pró-Esperanto

Muitas ideias para argumentação a favor do Esperanto são colocadas na Internet ou ainda estão na forma de livros e normalmente estão dispersas em muitas páginas na rede. Pretendemos com esse blogue colocar aqui os principais artigos que encontramos sobre essa temática. Esperamos que assim estejamos auxiliando os esperantistas a se manifestarem com maior propriedade em favor da adoção mundial da língua internacional Esperanto, com base nesses textos que estamos colocando na forma de pdf. Bom proveito!